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Década de Ouro: Bora Baêa!

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Grandes, enormes torcidas. A paixão do brasileiro pelo futebol não fica restrita aos tradicionais clubes da região Sul e Sudeste, como Corinthians, Flamengo, Internacional ou Cruzeiro. No Nordeste, há clubes com histórias riquíssimas em suas longas trajetórias.

É o caso do tradicional Bahia, para a massa apaixonada de torcedores: “Baêa”...Melhor ainda quando o grito é “Bora Baêêêa!”...Povo que se espalhou pelos quatro cantos do país. Basta ver um clássico do campeonato brasileiro, com qualquer grande clube de São Paulo, por exemplo, para vê-los com suas bandeiras em grande número nas arquibancadas dos estádios.

E há momentos nesta bela história de vida que mereciam transformar-se em um livro. É o que o jornalista Elton Serra fez com o seu “Década de Ouro – A história do heptacampeonato do Esporte Clube Bahia” (Editora Via Escrita).

Sinopse (da editora):

Com prefácio do ex-jogador e técnico Evaristo de Macedo, e orelha do ex-jogador do Bahia Douglas Franklin, a obra imortaliza uma epopeia. Conquistas que saem das arquibancadas e dos gramados da Fonte Nova e ganham as páginas do livro “Década de Ouro – A história do heptacampeonato do Esporte Clube Bahia”, de Elton Serra.

Serra traz histórias de personagens importantes para o futebol da Bahia, como o seguro Sapatão, o incansável Baiaco, o sempre regular Fito e o extraordinário Douglas, além dos mestres Zezé Moreira e Paulo Amaral, dentre outros espetaculares jogadores e técnicos que passaram pelo Tricolor e também cravaram seus nomes na lista dos grandes do Esporte Clube Bahia. Histórias que fizeram com que o clube se tornasse um dos mais populares do Brasil.

É preciso voltar no tempo para entender o porquê de um time tão vencedor. Conhecer as histórias dos protagonistas de uma década repleta de conquistas, bem como os estorvos encontrados num caminho nada fácil, num período onde a ditadura era extremamente voraz no Brasil. Uma época em que o Bahia encantou gerações, formou craques e catapultou a carreira de dirigentes. Momentos que envolvem brigas dentro e fora de campo, muito sincretismo religioso e guerras de nervos sem fim, contadas por aqueles que construíram a própria história.

O dia 28 de setembro de 1979 é um dos mais marcantes da história do Esporte Clube Bahia. Fito marcava o último gol de uma saga que durou sete anos e transformou o Esquadrão de Aço num dos clubes mais vencedores da história do futebol brasileiro. Era o sétimo título baiano seguido de uma equipe que nasceu para vencer e arrebatou corações estado afora.

Com o desenrolar dos jogos e das conquistas, o leitor constata as façanhas da geração mais vencedora do Bahia. Ainda assim, a obra não traz superlativos. Apenas tenta recontar uma história repleta de glórias, que por si só se encarregam de enaltecer os seus principais personagens.

Apresentação
Por Elton Serra

A comemoração foi inesquecível. Uma multidão tomou as ruas de Salvador naquela noite de 28 de setembro de 1979, invadindo a madrugada do dia seguinte. O Esporte Clube Bahia estabelecia uma soberania no futebol estadual e revirava a história do esporte na terra do Senhor do Bonfim, com sete títulos consecutivos no Campeonato Baiano. Numa década em que o desenvolvimento econômico em Salvador era inversamente proporcional à desigualdade social, o Tricolor de Aço se enriqueceu, ao mesmo tempo em que apaixonou ricos e pobres, através dos pés de Sapatão, Baiaco, Fito, Douglas e suas dezenas de companheiros.

Nasci pouco mais de dois anos após o último título da saga do heptacampeonato, mas a memória é tão rica que venceu os anos de industrialização do futebol, elitização do esporte com as modernas arenas e os inúmeros jogos em canais fechados de televisão, e perdura até hoje nos ouvidos e olhos dos mais novos. Recontar um período em que atletas jogavam muito mais por amor do que por dinheiro é eternizar uma das mais ricas histórias da Bahia, onde uma gama de sentimentos se mistura com as cores do maior ganhador de títulos do estado.

Jogadores moldados por técnicos que souberam explorar o máximo de seus talentos, dando padrão tático e liberdade para que os craques usassem a inteligência em prol do time. Meio-campistas acima da média, que eram resguardados por uma defesa sólida e abasteciam um ataque veloz e fulminante. Um grupo que superou os inúmeros meses de salários atrasados e as dificuldades de não ter local fixo para treinar para tornar-se respeitado em todo o país, por acreditar que a nação azul, vermelha e branca era o principal combustível para atropelar adversários e empilhar taças na galeria do clube.

Uma história cercada de rivalidade, que envolve um Ba-Vi que terminou na delegacia e um torneio que não acabou por causa do clima quente entre tricolores e rubro-negros. De um craque decidindo um campeonato após chegar embriagado na concentração e outro trocando as chuteiras pela Câmara de Vereadores. De uma final que quase não aconteceu por conta de uma confusão na interpretação do regulamento. De um estadual que ficou ameaçado em virtude de briga entre cartolas da Federação Bahiana de Futebol.

O sincretismo religioso também fez parte da trajetória do Bahia em busca dos títulos na década de 1970. Das caminhadas à Colina Sagrada por cada troféu conquistado às mandingas feitas por Lourinho, santos e orixás foram personagens presentes na campanha do hepta. Os clássicos disputados na Fonte Nova também envolveram guerras psicológicas, que tinham como coadjuvantes vodus e até cães domésticos. Religião que também se misturava com as festas regadas a trio elétrico e muita música baiana, que começavam no gramado da velha Fonte e se estendiam madrugadas afora, para celebrar a consagração de seus heróis.

Este livro se propõe a contar a história de um clube vencedor e arrebatador de corações. O Esporte Clube Bahia de Luís Antônio, Toninho, Sapatão, Roberto Rebouças, Romero, Baiaco, Fito, Douglas, Osni, Beijoca, Jésum e grandes personagens como Buttice, Perivaldo, Ubaldo, Zé Augusto, Altivo, Edmilson Pombinho, Merica, Dendê, Alberto Leguelé, Cristóvão, Natal, Mickey, Ricardo Silva, Peri, Tirson, Jorge Campos, Picolé, Gilson Gênio e muitos outros que passaram pelas mãos de Evaristo de Macedo, Zezé Moreira, Paulo Amaral, Orlando Fantoni e Carlos Froner, começando no pior momento do time na década, necessário para entender como um dos melhores times do futebol baiano iniciou sua formação.

Enfim, uma obra que contempla um grupo que encantou a Bahia de ponta a ponta, e exportou craques para outros grandes clubes do país, celebrando uma década quase perfeita. Um feito que poucos conseguiram em campeonatos estaduais e que fez com que o respeito e a admiração pelo Esporte Clube Bahia, o Esquadrão de Aço, só aumentasse. Na bola e na arquibancada.

Prefácio
Por Evaristo de Macedo

O futebol me proporcionou muitas alegrias nos meus mais de cinquenta anos de carreira. Fui ídolo no Barcelona e no Real Madrid, dois dos maiores clubes do mundo; vesti o manto sagrado do Clube de Regatas do Flamengo, uma potência do futebol brasileiro; fui técnico da Seleção Brasileira, posto desejado por dez em cada dez colegas de profissão; e conquistei diversos títulos por onde passei. Mas acho que poucas coisas foram tão especiais como fazer parte da história do Esporte Clube Bahia. Foi com o querido Esquadrão de Aço que consegui meu primeiro título nacional no Brasil, glória que poucos possuem em mais de oitenta anos de clube.                            

E minha história no Bahia começou na década de 1970, quando fui convidado para treinar o time pela primeira vez. Ajudei a montar uma equipe que, com o passar do tempo, tornou-se uma das mais vencedoras do futebol baiano. Ter trabalhado com talentos como Douglas, Fito, Sapatão, Baiaco, Elizeu, Buttice, Picolé, Peri e muitos outros me enche de orgulho. Foi nesta década que conquistei meu primeiro título no clube e tive as portas abertas para voltar outras vezes e ser muito bem acolhido por sua imensa torcida. É um período da minha carreira que dá gosto de recordar. 

É com muita satisfação que me vejo fazendo parte de algumas páginas desta história contada por Elton Serra, com riqueza de detalhes e uma precisão quase que cirúrgica nas palavras. Desde a minha chegada ao clube, com o objetivo de, junto com um grupo jovem e muito forte, devolver a hegemonia do futebol estadual ao Bahia, até a conquista do sétimo título consecutivo por uma geração que ajudei a construir. Glórias que vieram com muito suor e trabalho, mesmo com as dificuldades que a estrutura da época nos proporcionava.

Imortalizar esta epopeia é uma ideia fantástica. Elton Serra traz em sua obra histórias de personagens importantes para o futebol da Bahia, como o seguro Sapatão, o incansável Baiaco, o sempre regular Fito e o extraordinário Douglas, além dos mestres Zezé Moreira e Paulo Amaral, dentre outros espetaculares jogadores e técnicos que passaram pelo Tricolor e também cravaram seus nomes na lista dos grandes do Esporte Clube Bahia. Histórias que fizeram com que o clube se tornasse um dos mais populares do Brasil. 

Ser campeão no Bahia não é só escalar um time, sentar no banco de reservas e fazer substituições. É suar a cada treinamento, se arrepiar sempre que entrar no sagrado gramado da Fonte Nova e vibrar a cada gol feito pelo clube do povo. Afinal, ser Bahia é também torcer junto com uma nação que lhe empurra rumo às vitórias com uma energia que só os privilegiados podem sentir. E pode ter a certeza de que me considero um tricolor de corpo e alma. E é parte desta história que Elton Serra nos propõe a contar, sempre colocando aqueles que deram suas vidas dentro de campo como protagonistas de uma linda e árdua trajetória. “Década de Ouro”, definitivamente, é a expressão mais perfeita de uma época onde o Esporte Clube Bahia era um esquadrão quase intransponível.

Sobre o autor:
Elton Serra é baiano de Salvador. Comentarista e editor de esportes na CBN. Pós-graduado em Jornalismo e com especialização em Radialismo, também é bacharel em Administração e Gestão de Negócios. Foi repórter e comentarista esportivo nas rádios Transamérica e Tudo FM, e diretor de redação dos portais Futebol Baiano e Arena Nordeste. Nos últimos anos, tem se empenhado em contar histórias do futebol da Bahia através dos livros.




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