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Nuvem de terra

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Um livro espetacular. Essa é a definição do Literatura na Arquibancada para Nuvem de terra(Globo Livros, 2018), obra escrita pelo jovem autor, Plácido Berci, que tem apenas 29 anos de idade. Mais do que bem escrito, o livro também ganha importância por revelar os bastidores do trabalho de um jornalista esportivo como correspondente em outro país.

Quarta geração do projeto Passaporte Sportv.
Plácido é o quarto, da direita para a esquerda.
Plácido Berci fez parte da última turma do projeto criado pelo canal Sportv chamado Passaporte Sportv.

Os selecionados participariam da cobertura dos Jogos Olímpicos de 2016, não na cidade sede do Rio de Janeiro, mas como todo jornalista sempre sonhou – espalhados pelo planeta. Plácido foi enviado para o Quênia, na África, um sonho realizado, porque, há cinco anos disse à mãe:
“Tenho pensado em ir para o Quênia no futuro. Sei lá, produzir um documentário ou escrever um livro sobre como surgem os corredores campeões. Conhecemos pouco sobre eles e, pelo que sei, é um país pouco desenvolvido. Como será que mesmo assim nascem tantos talentos?”


Dona Fátima, mãe de Plácido, com crianças da tribo Masaai.
Plácido fez muito mais do que isso, viveu uma “aventura”, que durou 7 meses, repleta de convivências, aprendizados sobre um continente e país, desconhecidos para a maioria das pessoas daqui e de qualquer ponto do planeta. Até mesmo para o próprio autor, como diz o subtítulo do livro: “Relatos do primeiro correspondente esportivo brasileiro no Quênia”.

Plácido construiu uma espécie de diário, registrando a cada dia as experiências vividas em terras africanas. O que torna o livro prazeroso de se ler é o fato de o autor não se restringir a falar apenas sobre o tema esporte. Plácido mergulhou no cotidiano dos quenianos. Revela, com prosa fácil, a complicada sobrevivência daquele povo. Sua escrita, parece nos transportar às situações, lugares e, de quebra, nos deixar encantados com os personagens encontrados para contar suas histórias.


Plácido e o amigo e motorista Joseph, na chegada a Iten
Plácido desembarcou em Nairóbi, capital do Quênia, em meio ao furacão da polêmica de casos de doping envolvendo atletas quenianos.

Mergulhou fundo na questão, revelando lugares do país desconhecidos da grande maioria das pessoas.

Ampliou a visão sobre o trabalho realizado no atletismo, viajando para duas cidades do interior africano, primeiro para Iten, no Quênia, considerada “o lar dos campeões do atletismo”.

Depois, até Bekoji, na Etiópia, para mostrar a cidade formadora de campeões no atletismo, que revelam números inquestionáveis como 16 medalhas olímpicas, 32 títulos mundiais e dez recordes globais de atletismo.


Matatus, transporte utilizado pelos quenianos
Mas, o mais prazeroso na leitura de Nuvem de terra, é o cotidiano de vida dos quenianos revelado por Plácido. A descoberta, por exemplo, do trânsito caótico do centro da capital Nairóbi e dos matatus, nome dado aos ônibus da cidade, diferentes de qualquer outro veículo de transporte público mundo afora.

Nos apresenta, também, o Ugali, alimento elementar no dia a dia da população em todo o país, composto de apenas dois ingredientes, farinha de milho e água, e que, segundo o autor, “se comido sozinho, não tem gosto de nada”.


Amigo e fiel escudeiro, Willice (camisa vermelha) e o
lendário atacante nigeriano de futebol, Nwankwo Kanu.
No convívio quase diário com o taxista e fiel escudeiro, Willice, que o levava para os quatro cantos da cidade, Plácido nos revela Nairóbi, uma cidade diferente, com muita confusão, barulho, contrastes sociais e arquitetônicos.











Centro de Nairóbi: trânsito sempre caótico.
Não é nada fácil a vida de um correspondente internacional, ainda mais para um jovem iniciante na profissão. Plácido nos apresenta a uma cultura completamente desconhecida para nós, brasileiros, um Quênia com imensa diversidade étnica, 42 tribos, um dos mais complexos cenários demográficos do continente africano.

Por conta desta diversidade de costumes e tradições, Plácido também viveu uma série de perrengues, como o inicial, com policiais acostumados a propinas, hábito comum na relação entre autoridades e gringos. E a ameaça de prisão, em pleno centro de Nairóbi, com direito a passaporte retido.


Tirinha feita por Murilo Pereira, amigo de Plácido,
e que virou tatuagem em seu corpo.
Descobriu ser um Mzungu, como eles se referem aos brancos, que, ao pé da letra, quer dizer “andarilho sem rumo”.

Se surpreendeu, quando crianças tocavam sua pele em meio às gravações que realizava, tudo porque, geralmente, em comunidades pobres, essas crianças têm pouco contato com pessoas brancas, por isso, na infância, sentem curiosidade em saber como é uma pele mais clara.



Plácido preparando-se para gravação
com o centroavante do Kibera Black Stars
Plácido não se restringiu apenas a nos revelar a formação dos campeões do atletismo queniano.

Futebol, no Quênia, é paixão nacional, especialmente pelos clubes ingleses e, evidentemente, ídolos e craques do futebol brasileiro.

Três histórias, sobre o esporte número um do planeta são comoventes.

Plácido nos apresenta o Kibera Black Stars, equipe de futebol que disputa o campeonato local, composto apenas por moradores da maior favela do Quênia.


Projeto "Movendo as traves", em Kilifi.
Também nos revela o premiado projeto não governamental Moving the Goalposts (“Movendo traves”), que visa empoderar garotas por meio do futebol.

Uma viagem feita até Kilifi, a 524 quilômetros da capital Nairóbi, cidade costeira considerada uma das mais miseráveis do mundo, onde, 60% dos 120 mil habitantes das comunidades, vivem abaixo da linha da pobreza.

Cerca de 10 mil pessoas são portadoras do vírus HIV.

O projeto conta com 6.600 garotas, entre 9 e 25 anos. São 47 campos de futebol do projeto espalhados pelo condado de Kilifi, que reúne 9 municípios.



Plácido relata a aventura para chegar ao local, além da dura realidade da vida na comunidade por intermédio de uma garota, centroavante de uma das equipes do projeto.

Nas paredes da sede da Ong, uma palavra inesquecível para Plácido: “Tunawesa”, que no idioma suaíli quer dizer, “nós somos capazes”.


Mas, a história mais emocionante, e que tocou profundamente o autor e a nós do Literatura na Arquibancada, é sobre a Seleção Feminina do Quênia de futebol de rua.


Treino da seleção feminina de futebol de rua do Quênia.
Como esta reportagem está sendo escrita, no exato momento em que os holofotes da mídia estão voltados para a cobertura do Mundial Feminino de Futebol, na França, Literatura na Arquibancada disponibiliza para você essa história na íntegra, vivida por Plácido, com a seleção feminina de futebol de rua.

Oportunidade para conhecer realidades completamente distintas e, ainda, o talento da narrativa construída por Plácido Berci em seu Nuvem de Terra.

“Elas são o centro das atenções no campo de futebol do bairro de Huruma, em Nairóbi. Homens de diferentes faixas etárias param para assistir aos treinamentos da seleção feminina do Quênia de futebol de rua.


A precária condição social é requisito para integrar a equipe, formada por oito mulheres, entre 17 e 28 anos.

Todas vivem com aproximadamente 170 reais mensais, fruto de trabalhos temporários como, por exemplo, faxineiras ou lavadeiras.

Uma delas é Fauzia Kaunjeri. Ela vive na favela mais violenta do Quênia: Majengo [lê-se “Madiengo”]. A comunidade, mais pobre até do que a de Kibera, é uma área evitada até por parte da população da capital.

Explicarei como conheci Fauzia.

Fauzia
Ontem, li uma nota no jornal sobre a saga da seleção feminina para angariar fundos e participar da Copa do Mundo de moradores de rua, a ser realizada dentro de poucos meses em Glasgow, na Escócia.

Disputado anualmente desde 2003, o torneio não é organizado pela Fifa, maior entidade ligada ao futebol.

Em 2011, teve as quenianas como campeãs na categoria feminina. O problema é que, desde então, o time não participou mais por falta de investidores. Como todas as atletas vivem no limite financeiro, é preciso buscar ajuda – que raramente vem, por causa do quase mínimo retorno para os apoiadores.


Mesmo assim, lá estão as oito meninas, cinco vezes por semana, no campinho de Huruma, treinando a todo vapor. Convidada a participar da competição novamente este ano, a delegação tem menos de dois meses para arrecadar cerca de 26 mil reais e cobrir gastos com vistos para o Reino Unido e passagens aéreas. Seria a primeira viagem internacional da vida de todas as jogadoras.

Conto a história para Marcelo França, o chefe da editoria internacional do Sportv, e recebo uma resposta positiva e eufórica da parte dele. Era a autorização que faltava para tentar produzir uma pomposa reportagem para o Brasil vinda da notinha de um jornal africano.

Na internet, encontro o telefone da Associação Queniana de Futebol de Rua e consigo marcar para assistir a um treinamento da equipe, em Huruma, daqui a dois dias. Falo com Mohamed Haji, presidente da entidade.

— Sugiro que você visite uma de nossas atletas após a sessão de treinos. Tenho certeza de que a história de Fauzia, nossa zagueira, será importante para sua reportagem — garante o mandatário.


No dia marcado, Willice me leva até o endereço enviado por Mohamed, espécie de centro esportivo público pouco conservado. Ao fundo, estão duas quadras sem pavimentação, apenas com pequenos muros delimitando o espaço do jogo e as traves de cada lado.

As regras do futebol de rua são diferentes da modalidade profissional de campo. São só quatro jogadores para cada time: um goleiro e três na linha.

Dois tempos de sete minutos, com um rápido intervalo de apenas dois. Escanteio, tiro de meta ou lateral, só se a bola for chutada por cima dos muros.

Willice estaciona e segura o tripé para me ajudar, quando avisto um grupo de crianças jogando bola num campo improvisado de terra batida, ainda fora do centro esportivo. Pequenos pedregulhos formam os gols. Peço que ele vá na frente, já que quero fotografar o momento.


Crianças de Majengo
Está nublado. Discretamente, sento numa pedra e começo a fotografá-los com o celular. Um garoto me vê. Outro. E mais outro. De repente, pelo menos uma dezena corre em minha direção.

— Querem uma selfie? — ofereço, virando a câmera em nossa direção.

Inicia-se um festival de suspiros e risadas. Estou cercado. As crianças divertem-se com suas próprias imagens na tela. Clico seguidamente no botão para registrar o momento.

Em seguida, um menino chuta a bola para o campo, os sorrisos diminuem e todos correm de volta para o jogo. Espertos…A chuva está a caminho, e a brincadeira coletiva é muito mais divertida do que um mzungu tecnológico.

Estamos em Majengo, a mais pobre das favelas quenianas. A tarde, novamente, está nublada e fria. Abril é a temporada chuvosa, e dias assim têm sido comuns. A única rua de acesso ao interior da comunidade é repleta de barracas feitas de lata e madeira, com comerciantes informais.


Fauzia nos espera a alguns metros. Ao lado dela está Peris, capitã da seleção feminina de futebol de rua, que — por possuir mais fluência no inglês — foi requisitada pela amiga para a gravação da entrevista. Willice está calado. Nunca o vi assim antes.

— Temos que andar um pouco até chegar na casa dela, tudo bem? — anuncia Peris.

Peço que ambas sigam na frente, já que pretendo gravar o percurso. Vou atrás delas com meu amigo e motorista. A cada metro caminhado, a curiosidade dos moradores aumenta visivelmente. Devem pensar: o que esse mzungu está filmando?


O ambiente está cinza. Além da nebulosidade, há fumaça por todos os lados, já que pequenas quantidades de lixo estão sendo queimadas a cada quarteirão e algumas famílias montaram fogueiras, do lado de fora das casas, para o preparo de nyama chomas.

O esgoto corre livremente, como um pequeno riacho, misturando-se à lama. A cada passo o pé parece afundar mais no barro…

Tem sido quase impossível voltar para casa com os calçados limpos neste mês. A mistura dos cheiros dá náuseas.

— Só mais alguns metros. Estamos chegando — avisa Peris ao entrar numa estreita ruela.


Barraco onde mora Fauzia
Temos que pular uma poça de cor escura que sai de um cano quebrado.

Na porta do barraco de Fauzia repousa um rato morto. As meninas agem naturalmente. Parecem não se importar com a cena.

Entramos no pequeno espaço onde a zagueira do time vive com a mãe e duas filhas. O pai das crianças sumiu há anos, e o dela morreu quando ela ainda era jovem. As meninas estão na escola e a mãe nos espera sentada numa cama.

Fauzia, aliás, cultiva até hoje o espírito de criança, ainda que tenha assumido a responsabilidade da primeira gestação logo aos treze anos.


— Esse aqui é o Ronaldo — diz ao apresentar um urso de pelúcia, em homenagem ao ex-jogador brasileiro.

Como não fala bem inglês, ela pediu a ajuda de um primo para escrever sua história na ficha da Associação Nacional de Futebol de Rua.

Sugiro que ela leia o manuscrito e, em seguida, ligo a câmera.



Fauzia e sua mãe.
A vida na favela não tem sido fácil. Minha mãe nos criou sozinha, e somos quatro na família. Minha mãe é desempregada e costumava lavar roupas dos vizinhos para que pudéssemos comer. Às vezes, chegamos a dormir na rua por problemas com o pagamento do aluguel. Me envolvi com futebol e agora conheci o time queniano de futebol de rua.

Ao término da vagarosa leitura, Fauzia, Peris e a mãe choram. O silêncio toma conta do ambiente por alguns instantes.

Porta-retratos pregados nas paredes de madeira revelam registros felizes da vida dela. Todos ligados ao futebol. Ela sonha em viajar para a cidade escocesa e conhecer um novo país. Contudo se diz satisfeita, atualmente, só por ter um teto para sua família.


Deixamos o local após quase uma hora. Ainda preciso gravar uma passagem. Já próximo do carro de Willice, posiciono o tripé e ensaio o texto. Pelo menos vinte curiosos ficam atrás da câmera, observando a gravação.

— Aleluia! — suspira Willice quando termino e entramos no veículo para ir embora.
— O que aconteceu?
— Nunca pisei em Majengo. Estive preocupado o tempo todo. Vamos embora logo.

Meu anjo da guarda tem sido forte. Procuro ser simpático com todos que falo, sorrir bastante e tentar ao máximo agir como um local. Ao contrário do que muitos no Brasil podem achar, já não me sinto ameaçado aqui. A pobreza não aparenta ser violenta como imaginamos. Há uma atmosfera amigável e, de certa forma, sofrida.


Já é noite quando nos aproximamos do condomínio onde moro. O semáforo fecha e uma menina, bem baixinha, aproxima--se do carro. Ela bate suavemente no vidro da janela ao meu lado.

— Dinheiro, mzungu… Por favor, dinheiro.

Ela para de falar e continua imóvel a poucos centímetros do veículo.

Forma-se um pequeno círculo de vapor no vidro, que aumenta e diminui conforme ela respira.

Dou o que tenho no bolso e o sinal abre. Willice e eu estamos cabisbaixos.

— Fique bem, Plácido. Amanhã faremos uma reportagem mais alegre, com certeza! Boa noite — diz o motorista antes de partir.

Ao entrar no apartamento, largo os equipamentos na sala e vou direto para o banho. Deixo a água quente do chuveiro escorrer pelo corpo. O suor e a sujeira saem aos poucos. Em contrapartida, as imagens do dia insistem em permanecer. O esgoto, o rato morto, o choro da família, o vidro embaçado.


Não tenho fome. Deveria descansar, porém decido assistir ao material gravado.

Os arquivos de vídeos aparecem pouco a pouco na tela e a garganta trava.

Estou sozinho num apartamento grande, cercado de luxos, e não tenho ninguém para compartilhar o que vi.

Ainda sinto o inexplicável cheiro de Majengo.

Fecho com força o computador e os olhos. Respiro fundo. Um pequeno rastro úmido escorre pelas bochechas. Jamais esquecerei Fauzia e Peris”.


Vilarejo tribo Massai
Nuvem de terraé assim, histórias atrás de histórias que, não apenas prendem o leitor, mas, de forma mágica, transporta-nos para as cenas vivenciadas pelo autor. Como afirmou Marcelo Barreto, apresentador e editor do programa Redação Sportv, além de fonte de inspiração para Plácido seguir a carreira como jornalista esportivo, em trecho do prefácio do livro. “ (...) O relato de Plácido tem histórias de pessoas, casos divertidos dos perrengues que passamos na nossa profissão, reflexões sobre as semelhanças e diferenças entre o Brasil e a África. Tem esporte também, afinal essa foi a origem da viagem. Mas, se tivesse de escolher uma característica principal para o livro, não seria nenhuma dessas, e sim o olhar – no sentido literal e no figurado, ambos com aquela serenidade que foi a primeira coisa a chamar minha atenção. Nuvem de terra nos convida a ver o Quênia com os olhos de quem quer aprender.
Vale a viagem.”


E como vale. Escrever, reportar, gravar, editar, fazer tudo sozinho. São os tempos “modernos” no jornalismo esportivo. E mesmo com todas essas dificuldades, Plácido soube extrair para si mesmo o maior aprendizado com essa experiência como o primeiro correspondente esportivo brasileiro no Quênia.

“Viver, trabalhar e viajar sozinho faz você valorizar o silêncio. Observar mais. Reparar no que está ao seu redor. De certo modo, a solidão controlada traz entendimento. Senão do todo, de si próprio. Diálogos anônimos ganham vida nos tímpanos agora mais atentos. Reconhecer o valor do silêncio aumenta a importância do diálogo com quem gostamos. A ‘vida a um’ passa num ritmo mais lento. Depois de um tempo – e por um tempo – faz bem. Só é preciso aprender a conviver com a saudade”.

Link para conferir o booktrailer produzido pela Globo Livros

Sobre o autor:


Plácido Berci nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, mas cresceu em São Carlos, cidade vizinha.

É jornalista formado na PUC-Campinas e acumula passagens pela EPTV/ Afiliada da Rede Globo e Correio Popular. Colaborou com a ESPN Brasil como blogueiro durante período em que viveu em Manchester, na Inglaterra.

Está no esporte do Grupo Globo desde 2015. É diretor do documentário "Pacaembu - O gigante sem dono", disponível no YouTube e parte do acervo do Museu do Futebol. Além de "Nuvem de terra" (Globo Livros, 2018) é autor também de "Paixão: Uma viagem pelo futebol inglês" (Via Escrita, 2015).


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