Quantcast
Channel: Literatura na Arquibancada
Viewing all articles
Browse latest Browse all 307

Riquelme: a Magia da Camisa 10

$
0
0


Após o lançamento do livro a Magia da Camisa 10, lançado em 2006, a pergunta comum entre as diversas que os autores tiveram de enfrentar, era a que era essa tal “magia” da camisa 10. No dia 15 de maio de 2013, em pleno estádio do Pacaembu, com quase 40 mil torcedores contrários, um destes “mágicos” de uma camisa misteriosa e poderosa, Riquelme, do Boca Juniors, mais uma vez, como o livro comprova com diversos outros exemplos, deu a resposta que os “pobres” autores tentaram passar entre os vários capítulos publicados. Para quem não viu, Riquelme marcou um golaço, um chute, aparentemente, desprentesioso, um simples cruzamento, mas que acabou no encobrindo o goleiro Cassio, decretando uma verdadeira "pane" na equipe corintiana.

Riquelme, o camisa 10 do Boca, fez um gol “questionado” pelos adversários, decisivo para a classificação de sua equipe, apesar do empate em 1 a 1  (e vitória no primeiro jogo por  1 a 0). Teria Riquelme tentado cruzar ou chutado deliberadamente para marcar? Essa resposta terá varias interpretações, especialmente, entre os milhares de torcedores corintianos, chorosos pela eliminação na Copa Libertadores.


Contudo, se quiserem explicação mais lógica, basta compreender a vida de mais um destes predestinados a brilhar com a 10. O que aconteceu com o Corinthians diante do Boca não é novidade para os que se interessam pela magia que uma simples camisa pode exercer em um jogador.

Riquelme era dado como “acabado”. Mas a tal "Magia da camisa 10", jamais poderá ser esquecida. 

A vida de Riquelme, dentro dos gramados, é a síntese de como o futebol e essa camisa misteriosa confirmam a sina que certos jogadores confirmam em momentos decisivos: ser 10, não é para qualquer um.

Abaixo, o trecho referente a vida de Riquelme, no livro a Magia da Camisa 10 (Verus Editora).

Riquelme
Por André Ribeiro e Vladir Lemos


Juan Román Riquelme, nasceu em San Fernando, Buenos Aires, em junho de 1978, um dia antes de a Argentina conquistar pela primeira vez na história uma Copa do Mundo. O bom futebol apresentado desde muito cedo nos torneios realizados no bairro de San Jorge, local em que morava, atiçou os olheiros. Bella Vista e La Carpita foram as duas equipes que Riquelme defendeu antes de ser convidado a fazer parte do elenco do Argentinos Juniors. O início de carreira exigiu um enorme esforço físico, e a condição de titular custaria a chegar, porque seu treinador insistia que o craque deveria jogar mais recuado, no meio-de-campo. Muitas tardes de domingo foram passadas nas arquibancadas de La Bombonera, o estádio do Boca Juniors, com olhos pregados nas jogadas do time azul e dourado. Em 1996 um dirigente do clube foi aconselhado a comprar algumas grandes promessas do Argentinos Juniors, entre elas, Juan Román Riquelme.

A paixão pelo Boca era tão intensa quanto a de Tevez e fez o momento parecer um sonho. As boas atuações aliadas à má fase vivida pela equipe apressaram a estreia. Em 11 de novembro do mesmo ano, estreou enfrentando o Union de Santa Fé. O caminho que trilhou a partir desse momento tornou sua história ainda mais similar à de outros craques.


Em 1997, formando dupla com Pablo Aimar, levou a seleção argentina sub-20 à conquista do Sul-Americano e do Mundial da Malásia de forma brilhante. O torneio Apertura daquele ano foi vencido pelo rival River Plate, mas reservou a Riquelme uma emoção singular. No dia 25 de novembro, River e Boca jogaram no Monumental de Nuñez. Ao ver o placar adverso de 1 a 0, o treinador do Boca decidiu apostar em uma mudança. Tirou Maradona, que lutava para se recuperar do vício das drogas, e colocou em seu lugar o garoto nascido em San Fernando, que não perdeu a oportunidade. Ao terminar o duelo, Riquelme foi considerado o grande nome do jogo, que aliás foi a última partida oficial de Diego Armando Maradona, sinônimo de camisa 10. Ainda em 1997 foi convocado para a seleção principal. Era a última partida das eliminatórias para a Copa da França, e o palco era La Bombonera. Riquelme entrou quando faltavam apenas dez minutos para o final do jogo. Pouco poderia fazer, mas a euforia que causou nas arquibancadas provou que não se tratava de um momento qualquer.

Dono de um futebol bonito e objetivo, enlouqueceu a defesa do Barcelona em agosto de 1999, durante um amistoso. Em 2000, quando o Boca chegou ao terceiro título da Libertadores, Riquelme foi o principal protagonista da conquista. Em dezembro, com uma atuação extraordinária, ajudou o Boca a bater o poderoso Real Madrid na final do Mundial Interclubes por 2 a 1. Voltou a ganhar a Libertadores em 2001.


Entre os grandes que se viram seduzidos pela plástica de Juan Román Riquelme, o Barcelona levou a melhor. Após 18 meses de negociação, o clube catalão tirou dos cofres 25 milhões de euros para ter em seu quadro um provável 10 de dimensões mundiais. Era a hora de viver o desafio da adaptação, que já havia vitimado tantos outros jogadores. Com Riquelme não foi diferente. As dificuldades enfrentadas no Barcelona, especialmente com o técnico Louis van Gaal, o fizeram ser emprestado ao Villarreal. Recuperada a grande forma, e já sem o peso da camisa 10 (passou a vestir a 8), Riquelme voltou a esbanjar precisão e ajudou a levar o Villarreal às semifinais da Copa da Uefa e à terceira colocação da concorrida Liga Espanhola.

Riquelme, como tantos outros, é tímido fora de campo; dentro dele, mágico o suficiente para ditar a direção que a bola deve seguir. Não foi à toa que o técnico José Pekerman, da seleção argentina, resgatou seu futebol na seleção que disputaria a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006. Fora das convocações do antigo treinador, Marcelo Bielsa, o novo técnico, sabia que não poderia disputar uma Copa sem o talento de um Riquelme. Foi assim em 1997, quando Pekerman era o treinador da seleção sub-20. Foi assim também que outros treinadores, como o consagrado técnico Carlos Bianchi, três vezes campeão mundial interclubes, definiu o craque argentino:


Román [Riquelme] é um dos melhores do mundo. Vê as jogadas com três tempos de antecedência do que qualquer outro. É muito parecido com Zidane”.

Mesmo sem o poder de tê-lo a seu lado, o craque francês concorda com o técnico argentino:             

Se eu fosse técnico da seleção argentina, sempre colocaria Riquelme e Saviola para jogar”.

O craque da camisa 10 argentina transforma a arte de jogar futebol em espetáculo. Não é apenas o fanático torcedor de futebol que enxerga o talento com que nasceram alguns craques. A melhor definição para o que Riquelme é capaz de fazer dentro de um campo foi dada pelo craque alemão Rummenigge:

Nasceu tocado por uma vara mágica”.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 307